segunda-feira, 25 de julho de 2011

SER ZEN

Ser zen não é ficar numa boa o tempo todo, de papo para o ar, achando tudo lindo sem fazer nada.

Ser zen é ser ativo. É estar forte e decidido. É caminhar com leveza, mas com certeza. É auxiliar a quem precisa, no que precisa e não no que se idealiza.

Ser zen é ser simples. Da simplicidade dos santos e dos sábios. Que não precisam de nada. Nada mais que o necessário. Para o encontro, a comida, a cama, a diversão, o trabalho.

Ser zen é fluir com o fluir da vida. Sem drama, sem complicação. Na hora de comer come comendo, sem ver televisão, sem falar desnecessário. Sente o sabor do alimento, a textura, o condimento. Sente a ternura (ou não) da mão que plantou e colheu, da terra que recebeu e alimentou, do sol que deu energia, da água que molhou, de todos os elementos que tornam possível um pequeno prato de comida à nossa frente. Sente gratidão, não desperdiça.

Come com alegria. Para satisfazer a fome de todos os famintos. Bebe para satisfazer a sede de todos os sedentos. Agradecendo e se lembrando de onde vem e para onde vai.

A chuva, o sol, o vento.

O guarda, o policial, o bandido, o açougueiro, o juiz, a feiticeira, o padre, a arrumadeira, o bancário, o servente e o garçom, a médica e o doutor, o enfermeiro e o doente, a doença e a saúde, a vida e a morte, a imensidão e o nada, o vazio e o cheio, o tudo e cada parte.
Ser zen é ser livre e saber os seus limites.
Ser zen é servir, é cuidar, é respeitar, compartilhar.
Ser zen é hospitalidade, é ternura, é acolhida.
Ser zen é o kyosaku, bastão de madeira sábia, que acorda sem ferir, que lembra deste momento, dos pés no chão como indígenas, sentindo a Terra-Mãe sustentando nossos sonhos, nossas fantasias, nossas dores, nossas alegrias.

Ser zen é morrer.
Morrer para dualidade, para o falso, a mentira, a iniquidade.
Ser zen é ser simplesmente quem somos e nada mais.

(Sempre Zen - aprender, ensinar e ser, Monja Coen, Publifolha, 2006)

terça-feira, 19 de julho de 2011

A oração como parte de uma prática espiritual

Mesmo que você não reze com muita frequência e que a prática espiritual não ocupe parte muito grande de sua vida, você às vezes reza para ter saúde, prosperidade e bons relacionamentos. Mas para aquelas pessoas que se tornam monges ou monjas e para aquelas outras com intensa prática espiritual, há outro objeto da oração. No canto budista "O discípulo toca a terra com respeito", o objetivo é colocado assim:
 Ir além do ciclo do nascimento e da morte,
superar o não-nascido e o imorredouro.

Evidentemente, as pessoas que devotaram sua vida à prática espiritual também rezam para ter saúde, sucesso e harmonia, mas só estas coisas não bastam. Quando você aprofunda sua prática espiritual, começa a questionar. Você quer saber com toda clareza: Donde eu vim? Por que estou aqui? Para onde irei? Após a morte, continuarei existindo ou não? Há alguma relação entre mim e Buda, entre mim e Deus? Qual é a intenção primeira de eu estar aqui? Estas são as  interrogações, as orações, de um devoto praticante espiritual.

Se estivermos praticando e só rezarmos por saúde, sucesso e bons relacionamentos, ainda não somos um praticante autêntico. Um praticante autêntico tem de rezar em nível mais profundo. Temos que praticar de tal maneira que em nossa vida cotidiana sejamos capazes de intuir a natureza interdependente de todos os seres.

(A energia da oração - Thich Nhât Hanh - Ed. Vozes)

sábado, 9 de julho de 2011

Retornando ao silêncio

O zazen é a porta certa para entrar no dharma-de-Buda. Mas o dharma-de-Buda é, na verdade, a vida humana. Assim, esse zazen não é uma prática exclusiva; ele é a prática mais fundamental para todos os seres sencientes. Por exemplo, quando você realmente quer saber quem você é, qual é o significado real da vida humana, do sofrimento humano, do prazer humano, do ensinamento de Buda, muito naturalmente você volta ao silêncio. Mesmo que você não queira, você retorna a uma região do não-som. Ela não pode ser explicada mas, nesse silêncio, você pode compreender, ainda que apenas de um modo obscuro, a essência daquilo que você quer saber. Seja qual for o tipo de pergunta que você fizer ou qualquer que seja seu pensamento, você precisa finalmente retornar ao silêncio. Esse silêncio é vasto; você não sabe o que ele é.

Seja qual for o assunto que você queira estudar, você não pode estudá-lo a partir de seu próprio ponto de vista superficial. Você chegará, afinal, a uma vastidão semelhante à água da fonte, que brota continuamente da terra. Quanto você estudar seriamente alguma coisa, mais compreenderá que todas as coisas são infinitas.

De onde provém essa água da fonte? Não do território pequeno, particular de alguém. A água que nasce em seu território é limitada, não é profunda. A natureza original de sua vida, ou de seu estudo, ou de sua personalidade ou caráter é a água da fonte que brota da vastidão da terra. É nesse lugar que você precisa se sentar. 

(Retornando ao Silêncio - A prática Zen na Vida Diária, Dainin Katagiri, Ed. Pensamento, pg. 59)

AVISO

Em observância à recomendação do Decreto Distrital, as atividades do Zen Brasília serão temporariamente suspensas, inclusive a Jornada de Z...