sexta-feira, 25 de julho de 2014

Espiritualidade no cotidiano


Dizem os grandes mestres do zen budismo que a vida cotidiana é a via, "o coração cotidiano é a via". A vida de todos os dias torna-se lugar de uma inusitada liturgia. Vibra no zen essa consciência cotidiana, algo muito simples e delicado: "dormir quando se tem sono e comer quando se tem fome". O acesso à verdade zen esta nesta atenção ao cotidiano: "Se realmente desejais penetrar a verdade zen fazei-o enquanto estais de pé ou andando, dormindo ou sentados, enquanto falais ou ficais em silêncio, ou quando estais ocupados nos diversos afazeres do trabalho cotidiano". O que se demanda é uma atenção desperta para os detalhes do dia a dia, com a mente desimpedida e disponível. E isto começa a partir do momento que os olhos se abrem no início da manhã e dura todo o tempo em que a mente está desperta. Cada instante ganha um significado especial, como por exemplo, no manejo de uma folha de verdura ao preparar uma refeição. O mundo fenomênico, demasiadamente humano, é o que conta na experiência zen. Não há nada além da experiência concreta, sensível, onde se desenrola a vida. E a consciência espiritual que se desentranha nesse tempo vem dotada de um particular "poder dinâmico", que propicia um novo modo de ver.

O desafio consiste em acolher o cotidiano em sua elementar maravilha. Mas para tanto há que transformar o mundo interior. A paisagem externa ganha um conteúdo novidadeiro na medida em que o olhar vem educado. Outro grande mestre zen, Kodo Sawaki, dizia: "Os homens acumulam consciência, mas penso que o horizonte último reside na capacidade de poder sentir o som dos vales e captar as cores das montanhas". E fazê-lo com respeito, reverência e gratuidade (mushotoku).

(trecho retirado do texto: O resgate da espiritualidade no cotidiano - autoria de Faustino Teixeira - PPCIR - UFJF) 





Nenhum comentário:

Postar um comentário

AVISO

Em observância à recomendação do Decreto Distrital, as atividades do Zen Brasília serão temporariamente suspensas, inclusive a Jornada de Z...