quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Resistência e vitimização

 Os médicos estimam que setenta a oitenta por cento de suas atividades não estão relacionadas à saúde. As pessoas não estão doentes, estão fazendo drama. Às vezes, a parte mais difícil do trabalho médico é manter uma expressão impassível. Como Jerry Seinfeld observou a respeito dos seus vinte anos de encontros amorosos: "É muito tempo fingindo-se fascinado.'' 

A aquisição de uma condição empresta significado à existência de uma pessoa. Uma doença, uma cruz a carregar... Algumas pessoas vão de condição em condição; curam uma e outra surge para ocupar seu lugar. A condição torna-se uma obra de arte em si mesma, uma versão espúria do verdadeiro ato criativo que a vítima evita ao despender tantos cuidados em cultivar sua condição. 

Colocar-se na condição de vítima é uma forma de agressão passiva. Busca alcançar gratificação não por intermédio do trabalho honesto, de uma contribuição feita a partir do amor, insight ou experiência pessoal, mas da manipulação dos outros por meio da ameaça silenciosa (e nem tão silenciosa). A vítima compele os outros a virem, em seu resgate ou a se comportarem da forma como deseja, mantendo-os reféns da perspectiva de agravamento de sua própria doença/colapso/ dissolução mental, ou simplesmente ameaçando tornar suas vidas tão miseráveis, que elas fazem o que a vítima deseja. 

Fazer-se de vítima é a antítese de realizar o seu trabalho. Não o faça. Se estiver agindo assim, pare agora.

(Steven Pressfield)

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